O pensamento conservador convertiu, na boca de Sarkozy, "liberdade, igualdade e fraternidade" en "esforzo, traballo e mérito" -cómpre traducir "privilexios"-. Na esquerda resulta máis funesto aínda. Dá boa conta a trama de Reganosa, que tivo a ben apoiar a Xunta e mesmo o sindicalismo nacionalista. Un artigo de Lupe Ces.
Lupe Ces
Ai estivérom, nos cartazes, nos dípticos, nos mitins... muitas, muitas mulheres. Postas por lei, por decreto. Pois sim, foi o jeito de que aparecessem por fim, de que as fossem buscar, de que as tivessem em conta, ainda que quedaramos a fim de contas com poucas alcaldesas, boas e malas, preparadas ou incapaces, honradas ou corruptas, como os alcaldes, mas é umha questom de democracia. Esta vez o conservadorismo ficou mais calado. "É que elas nom querem" repetiam campanha trás campanha. Esse conservadorismo baseado na aceptaçom das cousas como estám, do pessimismo dos feitos consumados. Esse conservadorismo vital na direita e carcinoma letal na esquerda. Esse conservadorismo que vem de falar pola boca de Sarkozy convertendo a "liberté, igualité e fraternité" em "esforço, trabalho e mérito", valores todos eles imprescindíveis, mas que na boca da direita ou do conservadorismo, traduzem-se em privilégios para os que desde sempre tivérom "méritos" sem "esforço" a conta do "trabalho" dos demais. De verdade alguém cre que as desigualdades som um problema de falta de trabalho, esforço ou méritos?
Comentava que o conservadorismo na esquerda é letal. Estas palavras, andam muito da mam por Ferrolterra desde que se permitiu umha prova com gaseiro na planta de REGANOSA . "Agora já está feita!" "Umha vez que se puxo ai hai que apandar com ela!" "Nom morre a gente em acidentes de tráfico?" Tudo isto funcionando como pás de areia que intentam tapar umha das maiores tramas de corrupçom político-empresarial dos últimos anos. Umha trama (documentada em Muros de silencio, trabalho editado pola asociación Fuco Buxán) que vai desde verquidos contaminantes e recheios ilegais na Ria de Ferrol, negócios de carburantes que já estám nos julgados, até documentos oficiais manipulados e pactos secretos entre representantes públicos e empresariais sem escrúpulos. Umha trama que tem a sua origem no Grupo Tojeiro, que se fixo possível pola total identificaçom e cumplicidade do governo de Fraga Iribarne, mas que abrangue cos seus longos tentáculos a sectores que defendem visons produtivistas, antiecológicas e perigosas para a populaçom, com presença na Conselharia de Indústria, nas organizaçons políticas que sustentam o actual Governo da Xunta e mesmo no sindicalismo nacionalista. Nom podemos descuidar tanto a nossa casa! Esse conservadorismo letal polo que campeam sem problemas as políticas neoliberais e contra o que se levanta com muito "esforço" um movimento de resistência civil que soma o "trabalho" de mais de 50 organizaçons e que tem o "mérito" de conseguir romper nos últimos dias os muros de silêncio.
Artigo publicado na edición impresa de TEMPOS Novos (nº 121, xuño de 2007)